terça-feira, 10 de julho de 2012

1 ASPECTOS DA HISTÓRIA DO MOVIMENTO DE REFORMA Extraído de: Orlando G. de Pinho, Uma Luz que Alumia, São Paulo: Associação Paulista, 1976. Este material foi publicado juntamente com o irmão Adalberto Simon, membro da Reforma por 40 anos. Conforme relatado por Albert Müller, ex-pastor reformista e, hoje [1976], membro da Igreja Adventista do Sétimo Dia na Alemanha. Traduzido e cedido pelo irmão Francisco Palfi, ex-obreiro da Reforma. Uma História de 50 Anos Em 1919, depois da Primeira Guerra Mundial, realizou-se em Erfurt, a primeira Conferência do Movimento de Reforma. Naquele tempo o nome era “Sociedade Missionária Internacional dos Adventistas do Sétimo Dia”. O nome “Movimento de Reforma” foi adotado somente em 1922. As conferências seguintes realizaram-se em Magdeburg, Wurzburg, Frankfurt, Bebra e Gotha. Dois anos depois da Primeira Guerra, o Senhor concedeu oportunidade aos irmãos do “Movimento” de entrevistarem-se com os irmãos da Associação Geral, o seu presidente, irmão Daniells, e os irmãos dirigentes das três Uniões Alemãs. Esta entrevista realizou-se de 21-23 de julho de 1920, em Friendensau. Do relatório oficial descrito no Protocolo, nota-se que o irmão Deniells esforçou-se ao máximo para conseguir uma reconciliação e união entre as duas partes. Tudo se centralizou na dureza de coração, e posteriormente se comprovou que os irmãos representantes da Reforma não desejavam a reconciliação. Quando um irmão, depois da oração do irmão B., em favor da união, respondeu em voz alta “Amém!”, foi repreendido por outro pela sua atitude. Esta atitude trouxe um futuro bem difícil para aqueles irmãos. No ano de 1922, realizou-se em São Francisco a Assembléia da Associação Geral da Igreja Adventista. Para esta foram enviados dois irmãos do Movimento de Reforma, mas por falta de motivos não houve entrevista. Depois do encontro de Friendensau, em 1920, os irmãos reformistas continuaram com maior ímpeto sua obra de perturbação e acusação nas igrejas, qualificando-as de “Babilônia”. Graves crises e perturbações com os seus resultados acompanharam o Movimento de Reforma, por meio do fanatismo, desunião, ensinos e opiniões discordantes, e outras sem valor e inúteis. Em 1916, veio uma sacudidura por meio do Movimento das Cabanas, segundo Zac. 14:16-19, que ainda subsiste, dividido em várias ramificações. Apareceu também a assim chamada “Terceira Parte”, os Antiquadristas, segundo Zac. 13:9; também desta restou um remanescente. Levantaram-se irmãos procurando introduzir um sistema de 12 apóstolos e, baseado em Apoc. 18:4, apareceu um quinto agente lutador. Com diversas idéias e pensamentos fanáticos e extremistas, até hoje o Movimento de Reforma está perturbado, conforme se nota em sua literatura e na Revista extra de 1919. As mencionadas conferências realizadas em Magdeburg, Würzburg, Frankfurt, Bebra e Gotha, testemunharam a desunião e as controvérsias. Em Würzbur, separouse o território Suíço e, em Bebra, em 1924, foi excluído o território Norte-Alemão, 2 que se organizou como Movimento de Reforma e, depois de alguns anos, se dissolveu. A primeira assembléia ordinária da Associação Geral Reformista, para a qual afluíram representantes de vários países europeus, realizou-se em 1925, em Gotha, em conseqüência da contínua desunião entre os dirigentes da União Alemã. Nesta ocasião foram elaborados e publicados os “Princípios de Fé”, os mesmo que até hoje são motivos de discórdias, discussões e debates e, em certas ocasiões, até recusa de alguns parágrafos. Em particular o parágrafo 16 é o ponto mais debatido. Ele se refere ao “Alto Clamor”, conforme Apoc. 18:1-4, que devia dar ao Movimento uma base profética. Porém, todo aquele que estudar o capítulo “A Última Advertência”, do Conflito dos Séculos, compreenderá que esta obra ainda está no futuro, e não começou há quase 50 anos atrás [lembrando que este material foi escrito em 1976]. Por adquirir, em 1926, um novo centro missionário, a sede do Movimento de Reforma foi transferida de Würzburg para Isernhagen, próximo de Hanover. Foi instalada uma tipografia própria e deu-se início à colportagem, com Tratados e literatura missionária. Depois de um breve tempo de calma, surgiram contendas entre as famílias dos irmãos dirigentes que residiam na sede da Obra. Os resultados foram exclusões da igreja e o surgimento de mais um novo “Movimento de Reforma”, com sede em Saarbruken. Depois de seis anos, este Movimento dissolveu-se. A maioria dos membros deste Movimento uniram-se à Igreja Adventista. Em 1934 realizou-se uma Assembléia da Associação Geral do Movimento de Reforma, em Budapest (Hungria). Nesta reunião foi decidida e feita uma mudança na direção do Movimento. Esta mudança causou grave contenda com os irmãos da América do Norte, e estas desavenças continuaram por muitos anos. Em abril de 1936, na Alemanha, o Movimento foi proibido e dissolvido. Depois da Segunda Guerra, os diversos grupos reformistas na Alemanha e em outros países uniram-se. Novos centros missionários foram estabelecidos em Solingen e Esslingen, no Nockar. Surgiram contendas e divergências na comunidade, que resultaram em exclusões. Mais uma vez estabeleceu-se uma nova organização de reformistas, com o nome que existe ainda hoje. Para o ano de 1948 preparou-se uma assembléia da Associação Geral, que se realizou em Den Haag, na Holanda. Dois irmãos, logo no início, tentaram apoderar-se da direção. Foram examinados por uma comissão e declarados “rebeldes”. Eles reconheceram o erro. Houve uma reorganização na Associação Geral e a sede foi transferida para os Estados Unidos. Para isto foi adquirida uma propriedade em Sacramento, Califória, e estabelecida uma nova sede missionária. Poucas semanas depois, um dos irmãos dirigentes separou-se, iniciando sua própria obra. Neste mesmo ano, a União Norte-Americana foi excluída da comunidade do Movimento, pelo presidente e secretário da Assembléia Geral. E assim se estabeleceram dois Movimentos de Reforma nos EUA. No ano de 1949, foi estabelecido, em Speele, Alemanha, uma nova sede missionária, e junto a esta, uma Escola Missionária. Esta mesma sede encontra-se hoje [1976] em Jagsthausen, perto de Heilbron, no Nockar. A propriedade em Speele foi transformada num asilo de velhos. 3 No ano de 1951, foi convocada a Assembléia da Associação Geral, em Utrecht, Holanda. Desuniões e separações foram os resultados entre os irmãos dirigentes, depois de dias de contendas e debates pela posse das mais altas posições. E o resultado foi uma divisão geral no Movimento. Desde 1951 existem duas Associações Gerais dos reformistas. Ambas as partes aceitaram os Princípios de Fé de 1925. Acusam-se mutuamente de apostatarem destes princípios e se empenharam numa luta fora dos limites cristãos. Surgiu a contenda em torno do nome e posse da propriedade adquirida em Sacramento, EUA. Ambas as partes reclamavam para si o mesmo nome e propriedade. Iniciou-se uma ação perante a justiça, em Sacramento, que deveria decidir qual das partes teria direito. Mas a queixa foi retirada na sala de audiência, antes do início judicial. A primeira Assembléia Geral da nova organização realizou-se em 1955, em São Paulo, Brasil. Apesar dos esforços de diversos irmãos e delegados a favor da reconciliação e união entre os dois “Movimentos”, não chegaram a um acordo. Cinco anos depois da desastrosa Assembléia em Utrecht, realizou-se em 1956, em Speele, Alemanha, outra Assembléia do antigo Movimento de Reforma. Nesta surgiram novamente debates, durante vários dias, em torno do parágrafo 18 dos Princípios de Fé. É o debatido parágrafo do matrimônio, que desde o início foi a causa de inúmeras contendas. O parág. 16 também foi abordado. Na direção, efetuou-se uma mudança que resultou em novas discórdias. Na assembléia de 1960, na Holanda, surgiu novamente um grande debate e discussões em torno dos Testemunhos da irmã E. G. White. Tratava-se dos que não foram publicados enquanto ela vivia. São as Cartas e Manuscritos, que podem ser encontrados e vistos no Arquivo da Associação Geral da IASD, em Washington, onde são cuidadosamente guardados. Estes Testemunhos foram publicados nos livros Evangelismo (1946), Lar Adventista (1952) e Mensagens Escolhidas, livros 1 e 2 (1958). Duvidou-se de muitos Testemunhos. Mediante esta posição assumida, o Movimento de Reforma condenou-se a si mesmo. A última Assembléia Geral Reformista [antes da publicação deste material] realizou-se em 1966, em Obendorf, Alemanha. Surgiram debates e discussões em torno do parág. 16 dos Princípios de Fé, se a IASD é “Babilônia” ou apenas uma parte dela. Com poucos votos contrários, foi novamente confirmada a posição anterior: Babilônia. É lamentável que este erro continue a ser sustentado, porque a irmã White afirma positivamente o que significa Babilônia e a quem se aplica. Um balanço depois de 50 anos Depois de 50 anos de trabalho, desde a primeira conferência em 1919, notouse, nos países mencionados, visíveis progressos. Porém, a grande e mundial divisão, em 1951, contribuiu para o declínio e fim do progresso do Movimento de Reforma. O tempo, o trabalho e os meios foram em grande parte empregados numa guerra mútua entre irmãos. Os esforços das duas Assembléias Gerais dos Reformistas, para uma conciliação e união, até hoje [1976] falharam. Apenas em combater a IASD eles estão unidos e de acordo, assim como foram Pilatos e Herodes contra Jesus. Tal sintonia merece consideração. 4 A tarefa principal da igreja - a salvação de almas - tornou-se assunto de pouca importância. Durante os últimos anos, muitos irmãos, entre estes, presidentes, pastores e diversos outros funcionários do Movimento de Reforma, aderiram ao Movimento Adventista. Estão agora felizes e unidos na profetizada Obra de Deus. Existem países, cidades e vilas, onde outrora se encontravam florescentes igrejas e grupos da Reforma, em que hoje quase não se encontra reformista algum. A dissolução continua sem parar. Em alguns lugares surgiram mais outros fragmentos e até famílias dividiram-se em vários partidos. ... Minhas carinhosas saudações. Vosso ALBERT MÜLLER

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